Diário de Gunnar Os historiadores que se ocupam com o estudo do avivamento pentecostal do nosso século são unânimes em mencionar Azuza
Street (rua Azuza), cidade de Los Angeles, estado da Califórnia, Estados Unidos, como o centro irradiador de onde aquele despertamento
se espalhou por outras cidades e nações. Dentre as grandes cidades americanas que foram visitadas pela influência do avivamento
pentecostal, destaca-se a cidade de Chicago. Enquanto o avivamento conquistava terreno e dominava a vida religiosa da cidade,
fatos de alta importância estavam acontecendo também nas cidades vizinhas, entre dois jovens, que ficaram intimamente ligados
à história da Assembléia de Deus no Brasil. São eles:Gunnar Vingren
e Daniel Berg
Gunnar Vingren Em Menomiee, Michigan, morava um jovem pastor batista,
que se chamava Gunnar Vingren, nascido em Ostra Husby, Ostergóthand, Suécia, em 8 de agosto de 1879. Atraído pelos acontecimentos
do avivamento em Chicago, Vingren
foi a essa cidade, a fim de certificar-se da verdade. Ante a demonstração do poder divino testemunhado, o jovem pastor
creu e foi batizado com o Espírito Santo. O encontro com Daniel
Berg Pouco tempo depois, Gunnar Vingren participava de uma convenção de igrejas batistas, em Chicago, onde conheceu outro
jovem que se chamava Daniel Berg que também fora batizado com o Espírito Santo. Daniel Berg nasceu na aldeia de Vargón, na
Suécia, onde viveu até a idade de dezessete anos. Os dois jovens trocaram idéias e chegaram à feliz conclusão de que Deus
os guiava para a obra missionária; restava saber onde. Algum tempo depois, Daniel Berg foi visitar Gunnar Vingren. Nessa
ocasião, em uma reunião de oração na casa de um irmão de nome Adolpho Ulldin, através de uma mensagem profética, Deus falou
ao coração de Gunnar Vingren e Daniel Berg, que partissem a pregar o Evangelho em terras distantes. O lugar para onde deviam
seguir foi mencionado na profecia, como sendo o Pará. Eles não sabiam onde ficava essa região, mas após consultarem mapas,
verificaram que se tratava do Brasil. Rumo ao Brasil Gunnar
Vingren e Daniel Berg, despediram-se da Igreja e dos irmãos em Chicago, e com uma pequena ajuda financeira e orações de irmãos
e amigos, a bordo do navio Clement, partiram a 5 de novembro de 1910, da cidade de Nova York, para Belém do Pará. Quatorze
dias depois, isto é, a 19 de novembro do mesmo ano, os dois missionários desembarcaram na cidade de Belém. Não possuiam eles
amigos ou conhecidos nessa cidade. Não traziam endereço de alguém que os encaminhasse a algum lugar. Vinham encomendados unicamente
à graça de Deus, e tinham a protegê-los o Deus de Abraão. Sentados num banco da atual Praça da República, em Belém, fizeram
a primeira oração em terras brasileiras. Chegada ao Brasil
Por insistência de alguns passageiros com os quais viajaram,
Gunnar Vingren e Daniel Berg hospedaram-se num modesto hotel, cuja diária completa era, na época, 8.000 réis. Em uma das mesas
do hotel o irmão Vingren encontrou uma revista que tinha o endereço do pastor metodista Justus Nelson. No outro dia procuraram
esse pastor, e, graças à sua ajuda, Vingren e Berg foram levados à Igreja Batista de Belém, quando foram apresentados ao responsável
pelo trabalho, evangelista Raimundo Nobre. Logo os missionários passaram a residir numa das dependências do templo daquela
igreja. No mês de maio de 1911, mais ou menos seis meses após a chegada de Vingren e Berg ao Brasil, falando um português
de nível regular, Vingren teve a sua primeira oportunidade de dirigir um culto a pedido dos diáconos da Igreja Batista. Vingren
leu alguns versiculos que tratavam da obra do Espírito Santo no crente, enquanto que os diáconos abriam suas Bíblias para
conferir se o que Vingren lia estava correto. Aparentemente eles ficaram contentes com o que Vingren dizia, de sorte que convidaram-no
a continuar dirigindo os cultos das noites seguintes, durante uma semana. Pela maneira extraordinária com que Deus operou,
ao longo daquela semana, batizando com o Espírito Santo e curando enfermos, Vingren foi advertido. Quanto a isto escreve o
próprio Gunnar Vingren: "Todos os demais que tinham vindo da Igreja
Batista creram então que isto era uma obra de Deus, todos menos dois, o evangelista Raimundo Nobre e a mulher de um diácono...
Na terça-feira seguinte ele (Raimundo) convocou os membros da igreja para um culto extraordinário e não permitiu que o pastor
falasse. Ele (o evangelista) somente disse: ‘Todos os que estão de acordo com a nova seita, levantem-se”. Dezoito
irmãos levantaram-se e foram imediatamente cortados da comunhão da igreja. Estes dezoito irmãos saíram então da Igreja Batista
para nunca mais voltar, Isto aconteceu no dia 13 de junho de 1911.” (Gunnar Vingren, "Diário do Pioneiro", p. 33.)
Consumada a exclusão, o pequeno grupo de dezoito irmãos, convidou
os missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg para dar-lhes a necessária orientação espiritual naqueles momentos decisivos
da vida. Foi assim que, juntos, no dia 18 de junho de 1911, à rua Siqueira Mendes, 67, na cidade de Belém, deu-se a fundação
da Igreja Evangélica Assembléia de Deus, no Brasil.Repercutiram profundamente entre as várias denominações evangélicas, os
acontecimentos que culminaram com a fundação da Assembléia de Deus. Essas denominações se uniram para combater o Movimento
Pentecostal. Quem ler os livros "GUNNAR VINGREN, O DIÁRIO DO PIONEIRO" e "ENVIADO POR DEUS - MEMÓRIAS DE DANIEL BERG", há
de conscientizar-se que duras e injustas foram as perseguições e injúrias sofridas pela Assembléia de Deus no principio. Perseguições
injustas mas nem sempre inúteis.
Progresso no Interior do Estado Não obstante as perseguições
e dificuldades sofridas, as boas novas do Evangelho e o ardor pentecostal, espalhavam-se pelo interior do Estado do Pará com
tanta rapidez, como se fossem conduzidos por asas de anjos velozes. Fortes
trabalhos surgiram da noite para o dia aqui e ali, numa demonstração incontestável de que essa obra nascera do rio das intenções
de Deus. Enquanto Gunnar Vingreu concentrava maior parte de seus esforços com a obra em Belém, Daniel Berg, com infatigável
labor, visitava o interior do Estado, distribuindo exemplares das Sagradas Escrituras e pregando o Evangelho transformador. Separados os Primeiros Pastores Antes do trabalho haver completado dois
anos, a falta de obreiros já era sentida em várias localidades onde se iam estabelecer igrejas e congregações. Foi assim que,
por orientação divina, o missionário Gunnar Vingren separou no mês de fevereiro de 1913, Absalão Piano, como o primeiro pastor
da Assembléia de Deus no Brasil. O segundo foi Isidoro Filho, o terceiro, Crispiniano de Melo, o quarto, Pedro Trajano, e
o quinto Adriano Nobre. O espírito missionário da Igreja Haviam
passado apenas dois anos desde que a Assembléia de Deus iniciara suas atividades, e já iniciava as suas atividades missionárias,
enviando, a 4 de abril de 1913, o pastor José Plácido da Costa como missionário a Portugal. Era a primeira demonstração viva
e prática do espírito missionário ao estrangeiro, de uma igreja que contava apenas dois anos de organização. A chegada de reforços A partir de 1914 outros missionários foram chegando
a Belém. Nesse ano chegou o missionário Otto Nelson. Em 1916 chegou Samuel Nystron. No dia 21 de março de 1921, chegou a Belém,
vindo da América do Norte, o missionário NeIs Nelson. Muitos obreiros nacionais de indescritível valor, surgiram nessa época,
os quais fizeram da cidade de Belém o ponto catalizador de esforços para expansão da Assembléia de Deus e do movimento pentecostal
em todo o Brasil. Expansão da Assembléia de Deus Quando
Gunnar Vingren deixou Belém, no mês de abril de 1924, de mudança para o Rio de Janeiro, a Assembléia de Deus já era uma realidade
presente nas principais cidades do interior do Pará e em algumas capitais de Estados e Territórios brasileiros. Apresentamos
abaixo, segundo o estudo "HISTÓRIA DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS NO BRASIL", compilada por Emilio Conde, as possíveis datas e nomes
ou possíveis nomes dos fundadores da Assembléia de Deus nas capitais dos estados brasileiros:
Lugar
|
Fundação
|
Fundador
|
Belém |
18/06/1911 |
Daniel Berg e Gunnar Vingren |
Maceió |
25/08/1915 |
Otto Nelson |
Manaus |
01/01/1917 |
Severino Moreno de Araújo |
Macapá |
27/06/1917 |
José de Matos |
Recife |
24/10/1918 |
Joel Carlson |
Natal |
??/??/1918 |
Adriano Nobre |
São Luís |
15/01/1922 |
Clímaco Bueno Aza |
Porto Velho |
28/02/1922 |
Paul John Aenis |
João Pessoa |
07/05/1923 |
Simon Sjorgren |
Rio de Janeiro |
30/04/1924 |
Diversos irmãos |
Porto Alegre |
19/10/1924 |
Gustavo Nordlund |
Belo Horizonte |
??/??/1927 |
Clímaco Bueno Aza |
São Paulo |
04/03/1928 |
Daniel Berg |
Curitiba |
??/??/1928 |
Bruno Skolimowski |
Fortaleza |
07/09/1929 |
Antonio Rego Barros |
Salvador |
27/05/1930 |
Otto Nelson |
Vitória |
08/06/1930 |
João Pedro da Silva |
Aracaju |
18/02/1932 |
Otto Nelson |
Rio Branco |
??/??/1935 |
Manoel Pirabas |
Teresina |
07/08/1936 |
José Bezerra Cavalcante |
Goiânia |
??/??/1936 |
Antonio Moreira |
Florianópolis |
19/03/1939 |
João Ungur |
Cuiabá |
07/05/1944 |
Juvenal Roque de Andrade |
Boa Vista |
09/09/1946 |
Quirino Pereira Peres |
Fonte: Livro "História da Igreja"
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